Vinicius Junior, uma das maiores estrelas do futebol mundial, fez uma temporada de 2023/24 memorável. Líder nas conquistas da Liga dos Campeões e do Campeonato Espanhol pelo Real Madrid, o brasileiro foi decisivo em campo. No entanto, apesar de seu inquestionável talento, a possibilidade de ele não levar a Bola de Ouro 2024 acende um alerta: o racismo, somado à desvalorização de sua imagem fora de campo, parece ser um fator que impacta diretamente sua consagração.
A temporada de Vinicius Junior foi marcada por episódios de racismo explícito, principalmente na Espanha, onde, durante jogos da La Liga, ele foi alvo de insultos racistas. Em uma partida contra o Valencia, o brasileiro foi chamado de “macaco” por parte da torcida adversária, um episódio que gerou repercussão mundial, mas que não foi tratado com a seriedade necessária pelas autoridades do futebol espanhol. O tratamento brando às ofensas e a falta de uma resposta enérgica por parte da mídia e das instituições esportivas escancaram um problema que transcende o campo: o racismo estrutural.
Enquanto outros jogadores europeus ganham amplo reconhecimento por suas performances, a imagem de Vinicius Junior parece ser ofuscada não por falhas em campo, mas pelo preconceito racial. A mídia esportiva europeia, em vez de valorizar seu desempenho, muitas vezes minimiza suas conquistas. Essa desvalorização levanta questionamentos: Vinicius estaria recebendo o mesmo tratamento se não fosse um jovem negro brasileiro?
Se por um lado o talento de Vinicius é inegável, por outro, Rodri, meio-campista do Manchester City, ganhou destaque nas semanas que antecedem a premiação. Rodri foi peça central na conquista da tríplice coroa pelo City, mas sua ascensão como favorito à Bola de Ouro levanta questões sobre o peso do marketing e da visibilidade global na decisão.
Rodri se beneficia não apenas de seu desempenho em campo, mas também da visibilidade de um time midiático e altamente comercializado como o Manchester City. Embora o marketing esportivo seja uma força legítima no futebol moderno, isso coloca em xeque se o prêmio é verdadeiramente concedido com base no mérito técnico ou se fatores externos, como acordos comerciais e parcerias, têm maior peso.
O Impacto nas Decisões
O marketing esportivo exerce grande influência sobre prêmios como a Bola de Ouro. Grandes marcas, patrocinadores e a narrativa em torno dos jogadores desempenham um papel significativo na escolha dos vencedores. Enquanto Rodri se beneficia de sua posição em um time que lidera globalmente tanto em campo quanto fora dele, Vinicius Junior luta contra uma cobertura que constantemente minimiza seu talento e destaca os ataques racistas que sofreu.
Apesar de Vinicius ter patrocinadores de peso, como a Nike, que já preparou ações para celebrar sua possível vitória, o racismo e a falta de reconhecimento pleno podem pesar contra ele na votação. Isso reforça como a indústria do futebol continua a subestimar o valor dos atletas negros, desviando-se da verdadeira essência da premiação: celebrar o melhor jogador em campo.
O Sistema que PRECISA MUDAR
A possível derrota de Vinicius Junior na corrida pela Bola de Ouro 2024 não reflete apenas o resultado de uma competição futebolística, mas uma questão muito maior: o racismo estrutural que ainda permeia o futebol. Sua luta vai além das quatro linhas e revela como o esporte ainda não consegue tratar todos os seus atletas com equidade.
Seja pela falta de ações concretas contra o racismo ou pelo peso exagerado do marketing na escolha dos vencedores, o futebol mundial continua devendo o devido reconhecimento a jogadores como Vinicius Junior. Independentemente do resultado, sua temporada foi uma afirmação de que o talento e a resistência sempre prevalecem, mas o mundo do futebol ainda tem um longo caminho para percorrer em termos de justiça e igualdade.
