Nos últimos dias, uma proposta ousada, porém profundamente equivocada, foi lançada por um dos candidatos a prefeito de Carandaí, acompanhado de um ex-secretário. Eles sugerem a criação de uma especialidade oncológica no município como parte de seu plano de governo, um projeto que parece atraente à primeira vista, mas que carece de viabilidade prática e entendimento técnico.
É preciso lembrar que o ex-secretário ocupou o cargo de por aproximadamente quatro anos durante o governo de Vasiquinho. Se essa proposta fosse viável, por que ele não implementou essa medida quando teve a oportunidade e os meios para fazê-lo? Isso levanta uma questão importante: se nem mesmo quem esteve à frente da saúde municipal por tanto tempo conseguiu avançar nesse sentido, o que garante que essa promessa, agora feita em campanha, seja realmente exequível?
O que antes era criticado pelo candidato a prefeito, agora não apenas é aceito, mas ele escolheu o ex-secretário para ser o responsável pela pasta da saúde. Ou seja, o que antes era considerado péssimo, de repente virou bom…
Primeiramente, é importante ressaltar que o nosso hospital municipal possui nível 4, o que limita sua capacidade de oferecer tratamentos especializados, como a oncologia. Esses tratamentos exigem infraestrutura robusta e altamente especializada, com equipamentos caros, equipe multidisciplinar capacitada e suporte integral. Não é uma simples questão de “trazer” oncologia para a cidade; é preciso entender que há exigências regulatórias, como a habilitação junto ao Ministério da Saúde, além de recursos técnicos e humanos que vão muito além da realidade atual de Carandaí.
Além disso, temos o privilégio de contar com um hospital de referência na cidade vizinha, Ibiapaba, que já é habilitado para tratamentos oncológicos e está completamente estruturado para atender de forma eficaz e segura os pacientes de toda a região. Este hospital é referência justamente porque concentra os recursos, a expertise e a infraestrutura necessários para oferecer o melhor atendimento oncológico possível.
A promessa do candidato ignora a lógica de regionalização do atendimento oncológico, que visa concentrar recursos em centros especializados para garantir a melhor qualidade de tratamento aos pacientes. Ao invés de investir em algo inviável para Carandaí, o foco deve ser em aprimorar a parceria com hospitais de referência, garantindo que nossos cidadãos tenham acesso rápido e eficiente ao tratamento especializado, sem comprometer a qualidade ou a segurança.
Portanto, a proposta não é apenas impraticável, mas demonstra falta de planejamento e um desconhecimento das necessidades reais da nossa população e da estrutura de saúde da nossa cidade. Precisamos de políticas sensatas, baseadas em dados e nas reais condições de Carandaí, e não de promessas vazias que só geram expectativas irrealizáveis.